"Hoje acordei com o corpo pesado, alma cansada e os olhos não querendo procurar o sol.
Nesta preguiça de não saborear o dia, lembrei de tantas coisas; refleti, mergulhei em mim, até chorei _ por instantes curtos, mais chorei.
Talvez porque da janela só se destacava o cinza misturado com as gotículas marrons de poeira que se instaurou no ar.
Senti pela primeira vez o fardo de caminhar sempre em passos largos e nunca parar.
Pensei se vale a pena ser gente grande; pois gente grande não chora, gente grande não pode chorar.
Mas eu chorei.
Chorei porque tenho medo e mesmo não dando ouvidos a ele, ele nunca saiu do seu lugar.
Fica ali me espreitando, esperando que minha mente fique quieta.
Porque no meu silêncio ele se manifesta e me mostra que a tela colorida em minha frente não é tão bonita assim.
Chorei porque de repente vi que não tenho domínio nem sobre o que sinto, imagina então conseguir dominar algum lugar.
Por alguns segundos, eu juro, pensei em parar de lutar contra o meu corpo e deixá-lo largado lá.
Mas lembrei que sou gente grande nesta festa e tenho minhas crianças para cuidar."
Dani Raphael
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