Por Dani Raphael
E meus pés ainda sangram, deixando rastros do que sou nesta terra seca, que de tão seca, seca minha fala, minha língua, meus gestos que se contorcem em pelos que cheiram queimado.
E o sol me arde, e meus pés sangram.
Como andarilho das minhas próprias encruzilhadas, me vejo crucificado por pecados que dizem ser meus.
Atirem-lhe uma pedra, duas pedras, atirem-lhe mais, gritam os poetas de palavras mortas.
E meus pés ainda sangram, enquanto meus olhos secos choram lágrimas- pedras, das pedras que me atiravam, enquanto sozinho eu riscava no chão pequenas canções de ninar.
Canções estas cantada em dias, em que eu não era ainda chamado de nada além do meu nome, do qual ninguém mais ousa dizer.
E meus pés sangram, derramando na terra os pecados que dizem ser meus.
Imagem pexels
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