18 graus, frio para mim, nem tanto frio assim para quem esta acostumado a temperaturas abaixo de zero graus, e meus pés, pedindo meias quentes, lembram minha garganta que ela também precisa se aquecer.
Quando eu era pequena, era fácil me aquecer nas cobertas, minha mãe sempre muito esperta, passava os lençóis com um pesado ferro preto, tudo ficava quentinho, o seu beijo deixava tudo mais quentinho, e meu urso já surrado, também estava ali para me aquecer.
Lembro da proximidade das camas no quarto, onde ainda existia a proximidade com meus irmãos; aquela proximidade de quem não tem amigos imaginários, porque o tempo todo as brincadeiras eram divididas e intercaladas com as brigas, coisas de irmãos.
A casa antes era quente, gente saindo, gente entrando, e o fogão pronto para preparar mais um café. A garrafa de café nunca ficava vazia, nem que fosse do último gole melado, lá estava ela pronta para servir. Tudo tão simples, na simplicidade de quem saboreia uma bolacha de maisena ou uma torrada feita com restos de pães. Mas nada ali era resto, tudo era devorado em sua essência ou modificado, arroz deixado na panela, se transformava num delicioso bolinho de arroz. E, mesmo quando não se tinha nada, havia farinha e água, que preparada virava massinha feita pela avó.
18 graus, e hoje na fartura da cama vazia, só me resta levantar e buscar um par de meias e tentar dormir ao som do trem quem não para de apitar.
Dani Raphael
Imagem @ganinph
Comments